sexta-feira, 20 de abril de 2007

O Jesus Inigualável - Mc 2:1-12


1 Poucos dias depois, tendo Jesus entrado novamente em Cafarnaum, o povo ouviu falar que ele estava em casa. 2 Então muita gente se reuniu ali, de forma que não havia lugar nem junto à porta; e ele lhes pregava a palavra.
3 Vieram alguns homens, trazendo-lhe um paralítico, carregado por quatro deles. 4 Não podendo levá-lo até Jesus, por causa da multidão, removeram parte da cobertura do lugar onde Jesus estava e, pela abertura no teto, baixaram a maca em que estava deitado o paralítico. 5 Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: “Filho, os seus
pecados estão perdoados”.
6 Estavam sentados ali alguns mestres da lei, raciocinando em seu íntimo: 7 “Por que esse homem fala assim? Está blasfemando! Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus?”
8 Jesus percebeu logo em seu espírito que era isso que eles estavam pensando e lhes disse: “Por que vocês estão remoendo essas coisas em seu coração? 9 Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os seus pecados estão perdoados, ou: Levante-se, pegue a sua maca e ande? 10 Mas, para que vocês saibam que o Filho do homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” — disse ao paralítico — 11 “eu lhe digo: Levante-se, pegue a sua maca e vá para
casa”. 12 Ele se levantou, pegou a maca e saiu à vista de todos, que, atônitos, glorificaram a Deus, dizendo: “Nunca vimos nada igual!”


Jesus está em casa, e novamente uma multidão lhe cerca. Multidão é o mundo que nos cerca hoje, com suas idiossincrasias. Ali tem gente que quer apenas ouvir, gente que quer ouvir pra refutar, gente que está ali porque todo mundo também está. Enfim, existem pessoas que buscam Jesus pelos mais variados motivos.

Independente dos motivos, Jesus simplesmente os recebe, com sua simplicidade esmagadora, e apenas fala, fala, fala e fala, e com certeza era sobre o Reino de Deus. O que é o Reino de Deus pra Jesus senão o momento onde todos são incluídos, com suas diferenças, em uma só comunidade de aceitação. Jesus fala sempre de um Reino onde não há maior, menor, ou melhor, pois nele somos apenas um.

Naquele momento havia pessoas dos mais diferentes níveis, e que se viam diferentes uns dos outros. Em todo momento Jesus prega sobre um Reino onde todos são incluídos, e isso para pessoas que não se enxergavam como iguais.

Então entra o miserável paralitico. Seus amigos, que pelo simples fato de serem amigos de um doente (já que naquela época a doença era um sinal de maldição divina) já mostravam que não se viam melhores ou piores que o pobre paralítico. Apenas o levaram movidos por essa fé.

Mas não bastava apenas levar até a casa de Jesus, pois a casa estava cheia e o paralítico não podia entrar, assim como ele não podia ir ao templo, pois naquele “lugar santo” não havia espaço para sua “deficiência pecadora”.

Mas eles foram ousados. Não desistiram, acreditavam eles que Jesus era diferente, porque a mensagem dele era diferente, e aquele “pobre paralítico” tinha que ouvi-la. – “Então vamos fazer o impossível para que ele possa ouvir, pois esse Jesus é inigualável. A única saída é pelo teto, vamos correr o risco, pois esse Jesus é inigualável”.

Então esses homens passam o paralítico por uma brecha no telhado da casa de Jesus. Essa é a atitude de fé de quem entende que Jesus é único, inigualável e que aquele era um momento único na vida deles, principalmente na vida do paralítico.

Você queria motivo maior do que esse para que Jesus se admirasse da fé deles?

A fé que faz com que Jesus se admire não é a fé no milagre da cura, mas a fé no milagre do Reino, a fé no milagre de que, no Reino, eu posso me aproximar com ousadia na presença de Deus sem intermediários. A fé que causa “espanto” em Cristo é a fé daqueles que entendem que a mensagem do Reino é inigualável, e quebra com todas as barreiras que separam. A fé que “move a mão de Jesus” é a fé de que no Reino todos somos realmente o “próximo” do outro.

Por mais que naquele momento eles desejassem ver o amigo deles curado (apesar do texto não citar essa vontade deles), a fé deles já os havia curado, pois eles entenderam a importância da mensagem do Reino.

Nessas condições não há mais pecados, os pecados foram perdoados, e somente aquele paralitico podia entender a profundidade daquela afirmação de Jesus em sua vida. Se ele entendeu que em Jesus nada mais o separava de deus, então ele foi alvo ali do perdão de Deus, pois ninguém se aproxima com tamanha fé diante de Deus se antes o próprio Deus não o tivesse perdoado.

Mas para os religiosos, os hipócritas, aqueles que diferenciam entre santos e pecadores, o que estava acontecendo ali era uma blasfêmia, já que aquele Jesus era um homem, e como homem não podia perdoar ninguém. – “Deus não pode aceitar esse paralítico de forma tão simples assim, isso é blasfêmia!”, pensavam os raivosos donos do poder religioso.

Mas na ótica do Jesus e na ótica do reino, nada havia sido tão simples assim, a aceitação de Deus vem da cura do coração, do arrependimento daqueles homens demonstrado pela fé nos princípios do Reino pregado por Jesus. A cura do arrependimento é mais séria e mais difícil que a cura do corpo.

Fazer o paralítico andar foi um sinal não para o paralítico, mas para aqueles que ainda não enxergaram a realidade do Reino. A cura física do paralitico era a representação terrena, carnal, física, daquilo que Deus, através da sua palavra, já havia feito na vida daqueles homens, e ela em si era importante apenas para os cegos fariseus religiosos.

Que bom se eles tivessem compreendido isso, pois diriam como dissera a multidão: Nunca vimos nada igual!

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