quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A ressurreição não nega o luto

Estou de luto pela morte prematura do meu irmão. Um jovem de 24 anos que foi vitimado por um derrame cerebral, algo absurdo.

A dor da morte e da perda de um ente tão próximo causa uma sensação estranha em cada um de nós. Vejo minha mãe e sinto que ela não será mais a mesma, como se com meu irmão também tivesse morrido um grande pedaço dela.

Porém, o que mais me horrorizou, além do impacto do falecimento de meu irmão, é o comportamento das pessoas em torno de uma família em luto. Um velório tem a capacidade intrigante de revelar a atitude das pessoas diante da morte.

Me senti na pele de Jó, enlutado, ferido, cansado e tendo que ouvir as mais tristes explicações para o motivo daquela morte.

- "Deus quis assim! Era da vontade de Deus!"
- "Não vamos ficar tristes! O Eudes não quer ver ninguém assim!"

Já chegou inúmeras mensagens do céu informando a atual situação do meu irmão no "plano espiritual" onde ele está. Todas essas mensagens enviadas por pseudo-videntes tentam consolar acerca de algo que é inconsolável: a dor da morte, a saudade da ausência, a frustração de saber que ele ainda tinha muito que viver.

Diante do mistério da morte prefiro me calar e chorar. Prefiro sentir a dor, assumir o luto e lamentar. A esperança na salvação, na vida após a morte e na ressurreição não elimina ou proíbe o luto. É Impressionante o texto de João 11, quando Jesus ressuscita Lázaro. O texto diz que antes de ressuscitá-lo, Jesus chorou com Marta e Maria, sofreu diante da morte do amigo e não tentou explicar porque Lázaro morreu, apenas anunciou que diante de toda dor ainda podemos crer que a morte não é o fim de tudo. A morte é inexplicável, mas a ressurreição é clara para os que tem fé.

Copiemos Jesus quando estivermos diante da dor da morte. Se não souber o que dizer, se cale e chore com os que choram.