sábado, 30 de junho de 2007

Igrejas Emergentes

Encontrei esse texto citado no blog das Igrejas Emergentes no Brasil (http://www.igrejaemergente.blogspot.com/) e achei no mínimo curioso:



As igrejas emergentes não possuí sistemas ou fórmulas,são variáveis conforme o contexto cultural, interdominacionais, não podem ser copíadas, não possuem uma doutrina definida e sim procuram expressar Deus em diversas formas, tentando desconstruir as barreiras que as denominações impuseram. Existe uma variedade de Igrejas Emergentes com diferentes interpretações teológicas em que elas acreditam. Somente porque você ouviu dizer que uma Igreja é “Emergente", não significa que elas possuem os mesmos valores ou praticam as mesmas coisas.




Antes de mais nada quero logo avisar que nao sou legalista e muito menos preso a denominação. Acho que o processo de institucionalização da Igreja trouxe muitos males, concordando assim com muitos pontos colocados pelo movimento.





Mas confesso que achei estranho os ideais desse movimento:





Não possuem doutrina definida: Até onde isso é benéfico? Afirmar que nao há doutrina é afirmar que a "fé" está aberta para todos os tipos possíveis de adaptações e reavaliações. E até que ponto isso é bom? Até onde esse movimento pode chegar? Não acredito que deixando de haver doutrina o Cristianismo volte a ser mais puro, até porque o ínicio do movimento cristão possuia sim o minimo de doutrina, de conceitos de fé.





Tentando desconstruir as barreiras que as denominações impuseram: Isso acaba se tornando uma guerrinha entre igrejas. De um lado estão os tradicionais, os "guardiões da fé e da ortodoxia", e do outro estão os "davizinhos" dos pequenos movimentos querendo derrubar os gigantes denominacionais. Sinceramente, esse espírito bélico, competitivo, não dá em nada. Esse espírito de "reformar", desconstruir e reconstruir sobre os escombros dos outros não traz mudança alguma. Jesus desconstruiu muitas coisas que eram pertinentes a cosmovisao judaica e pagã, mas esse não era seu alvo, seu objetivo, a causa da sua missão. Ele tinha interesses mais nobres, e quando ele desconstruia, fazia não no espírito competitivo, e nem para criar uma outra Igreja, e muito menos fazer emergir nada, mas simplesmente por querer resgatar a vida humana de todas suas prisões, incluindo ideológicas.





Somente porque você ouviu dizer que uma Igreja é “Emergente", não significa que elas possuem os mesmos valores ou praticam as mesmas coisas: Então que raios é uma Igreja Emergente? Como pode um movimento não possui valores? Um movimento que não se coaduna está faltamente destinada a se fragmentar em vários outros, e assim sendo, esses "descendentes" passaram a fazer o processo inverso, ou seja, se institucionalizaram para manterem um minimo de identidade.





Assim como Caio Fabio, tambem creio que Deus está mandando chuva, algo diferente vai acontecer, e já está acontecendo. Porém, devemos ter cuidado com os extremos dessa natureza. Não sou contra ou a favor do movimento "Igrejas Emergentes", mas colocações assim me assustam, pois o que poderá ser das pessoas que ali se reunirem? o que uma comunidade tão volátil pode chegar a se tornar futuramente?





... Sempre reformando, mas com moderação e discernimento!





Jorge

sexta-feira, 29 de junho de 2007

90% Graça?

Mais uma pérola do Caio:


90% Graça?

Tudo é Graça na relação entre o Criador e a criatura. Pois, se Deus é amor, como criaria qualquer coisa que não fosse criada como extensão Dele mesmo? E, portanto, como criação de Seu amor?

Criaria Deus o mal? Ou seria o mau apenas uma implicação do exercício da liberdade que o amor dá e é?

Ou ainda: teria a existência do mau o poder de inibir o amor de Deus pelos homens e pela criação?

Seja como for, a questão para mim, hoje, aqui, agora, é apenas uma:

Haveria, porventura, algo que num mundo que se tornou caído pudesse ser uma espécie de subproduto da Graça, ou algo como uma Graça Esforçada? Ou seja: algo que seja a Graça depois do dom, do favor imerecido; e que seria a Graça como recompensa?

Sim! Porque há quem proponha a seguinte conciliação na Graça. Graça como dom, seria o que recebemos pela fé, em Cristo, antes de tudo. Então, vai-se no caminho, no fazer da jornada, na viagem, até o fim. E, no fim, se se perseverar, receber-se-á o que se chamaria de recompensa, ou galardão; o primeiro termo foi usado por Jesus algumas vezes.

Ora, nesse caso, a Graça seria uma espécie de ponta-pé; depois, a força na jornada; e, no fim, uma espécie de bônus do bônus, em razão do servo inútil ter feito apenas tudo o que lhe foi mandado.

Entretanto, “tudo provém de Deus”, em Cristo; em quem temos justificação, santificação, perseverança, força e, por fim, glória.

Então, não sobra nada a ser feito?

Não! Exatamente nada. Tudo está Feito. Só não está concluído em nós. Mas está feito por nós e para nós.

Por isso se manda desenvolver a salvação com temor e tremor, ou ainda que não se permita que a Graça de Deus se torne vã em nossa vida.

Entretanto, o desenvolver a salvação não é algo como desenvolver-se para a salvação.

Não! É deixar-fazer a salvação crescer-ser-crescida em nós.

Nesse caso, a salvação cresce em nós mediante a adesão de nossa consciência em fé à revelação do Evangelho.


Paulo disse que a semente é de Deus, que quem semeia o faz segundo Deus, e o que colhe também; pois, todas essas coisas são ainda muito exteriores em si mesmas, posto que o que de fato é essencial tem a ver com o crescimento que vem de Deus.

Assim, não confundamos o trabalho da salvação na consciência humana com o trabalho humano para se desenvolver para a salvação; pois, o primeiro tem a ver com o Evangelho da Graça; mas o segundo é ainda Religião da Terra, segundo a dissimulação de Caim.

Desse modo, o que Jesus chama de recompensa é o fim do trabalho da Graça no homem, que é levar o homem a ser quem ele já é e foi feito para ser em Cristo; posto que a recompensa do homem é tornar-se enfim um homem, segundo o Filho do Homem.

Portanto, tudo é Graça; o resto é semântica e cebomântica.



Nele,



Caio

27/06/07
Lago Norte
Brasília

Desculpe a demora!


Para os que visitam meu blog peço desculpas pela demora em escrever, tive algumas ocupações esse mês, mas pra não deixar em branco, aí vaí um texto maravilhoso do Pr. Ricardo:



Excomunhão

Ricardo Gondim


Estou ouvindo o áudio book, “Generous Orthodoxy”, do Brian McLaren, presenteado por meu amigo Carlos Alberto Junior. Espero e oro para que alguma editora brasileira se apresse em traduzi-lo (quem sabe inglês deveria comprá-lo imediatamente, aproveitando que o dólar está barato).


Quando ouço esse pessoal da “Emergent Church”, com quem tenho grande afinidade, mais me convenço de que o movimento evangélico, ou “evangelical”, permita-me o estrangeirismo, é um barco que faz água.


Há algum tempo, afirmei que não me considero mais “evangélico” e causei espanto entre meus pares. Porém, cada dia que passa, quanto mais notícias ruins sobem dos porões denominacionais, e quanto mais o Youtube mostra piadas sobre o besteirol dos púlpitos, mais convencido fico de que nada tenho a ver com o que foi meu berço religioso.


Minha “auto-excomunhão” do movimento evangélico não é estética, embora eu não tolere mais ouvir os cânticos de poesia rala e de música pobre que fazem sucesso; não agüento mais hinos de guerra, convocando os crentes para pisar os inimigos. Nem falo das coreografias das danças. Horrorosas!


Minha “auto-excumunhão” do movimento evangélico não é ética, embora eu tenha nojo do grande número de políticos que, em nome de Deus, exercem seus mandatos com as mesmas práticas que os mais nefastos; não suporto mais conviver com evangelistas e pastores, donos de um discurso radical quanto ao dogma, ao credo, ao moralismo sexual, e que sabem papagaiar a Reta Doutrina, mas se comportam como inescrupulosos manipuladores, sempre ávidos por dinheiro.


Minha “auto-excomunhão” do movimento evangélico não é doutrinária. Eu continuo crendo na Trindade; tenho a Jesus Cristo como Senhor e Salvador de minha vida; falo em línguas estranhas desde minha experiência pentecostal; creio e dou testemunho de milagres; oro por libertação de endemoninhados e aguardo novos céus e nova terra.


Minha “auto-excomunhão” do movimento evangélico aconteceu porque não posso conviver com auto-proclamados “teólogos” que guardam suas doutrinas e conceitos como verdadeiras vacas sagradas; não gosto do clima de caça às bruxas, que apedreja e queima quem ousa mexer em “cláusulas pétreas”.


Não tolero a intolerância, não aceito a exclusão, não me sinto bem com discursos fundamentalistas. Acredito que toda interpretação é interpretação e nada mais, e que ninguém – nem Santo Agostinho, nem Armínio e nem eu – tem a última palavra quanto a verdade.


Minha “auto-exclusão” do movimento evangélico aconteceu porque cansei de ficar tentando ler a Bíblia com o literalismo fundamentalista. Acho fatigante ter que, constantemente, fazer ginástica para explicar com a exegese própria dos evangélicos, textos que discriminam as mulheres em Deuteronômio, ou aquele que Deus manda um espírito de mentira para confundir os profetas. Não quero mais fazer contas para explicar para os adolescentes como a arca de Noé pôde abrigar todos os insetos, mamíferos, aves, répteis e batráquios do planeta.


Minha “auto-exclusão” do movimento evangélico aconteceu porque não tenho mais estômago para ficar ouvindo sermão do tipo: “Deus é poderoso, ele vai fazer milagre”, e fechar meus olhos para os exilados de Darfur, ou para os miseráveis que esperam nas filas dos ambulatórios imundos da baixada fluminense. Não quero viver a fé ensimesmada e privatizada que tanto se alastrou, e que busca, ou convive, com o conceito burguês de mundo. Na verdade, não consigo mais orar pedindo bênção, proteção, imunidade, prosperidade ou livramento. Não quero ter que exercitar fé para “ver Deus abrir as janelas do céu”.


Minha “auto-exclusão” do mundo evangélico aconteceu porque tenho sede de ser íntimo de Deus; porque, intuitivamente, percebo que a Bíblia possui uma riqueza imensamente maior do que me ensinaram; quero viver na liberdade do Espírito, sem medo das implicações e dos desdobramentos mais “perigosos” dessa decisão.


Minha “auto-exclusão” do mundo evangélico aconteceu porque me apaixonei por Deus de uma maneira que considero linda - mas que fica na contramão da maioria. Estou tão absolutamente cheio de curiosidade sobre dimensões da verdade que, reconheço, jamais compreenderei completamente; estou com sede de ler como nunca li, rir como nunca ri, dançar como nunca dancei; orar como nunca orei. Quero glorificar a Deus com leveza, sem paranóias de que o diabo vai me pegar se eu der brecha ou que serei punido com rigor se pisar na bola.


Minha “auto-exclusão” do mundo evangélico aconteceu porque hoje vejo meu Próximo como amado de Deus e não mais como filho da ira; de repente, comecei a perceber que a Graça foi espalhada sobre a terra assim como o sol, que indiscriminadamente abençoa.


Tento desvencilhar-me da linguagem excludente dos crentes. Já não tenho medo de dizer que aprecio “música do mundo”, que considero os "Médicos Sem Fronteiras" uma bela expressão do amor de Deus, e que vou estudar, com enólogos, os mistérios dos melhores vinhos. Antes que me esqueça, não acho que treinar para uma maratona seja perda de tempo.


Não me definirei por nenhum movimento porque acho que os movimentos, qualquer um, são cercas que empobrecem; não defenderei uma teologia específica, nem a Relacional, porque não acredito que elas sejam suficientes para explicar o Eterno – Gosto da frase de Paul Tillich: “Deus está para além de Deus".Para onde vou daqui pra frente? Anseio caminhar humildemente com meu Senhor; vou tentar ser justo, desenvolver um coração misericordioso e amar a paz.


Soli Deo Gloria.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

DE BORBOLETA À LAGARTA

Sinto muito se voce não gosta de Caio Fábio, mas o cara é uma benção! dá uma lida no texto dele:



Os evangelhos mostram que Jesus andava entre as pessoas, em todos os lugares; e que em praticamente quase todas as ocasiões Jesus estava ensinando o Evangelho, pregando o reino de Deus, curando os doentes impondo-lhes as mãos, e expulsando demônios ou espíritos de enfermidades.

Além disso, somos informados que praticamente todas as vezes que cura alguém de algum mal, Ele também afirma a Graça de Deus como perdão sobre a pessoa.

Por vezes ele perdoa os pecados antes de curar. Outras vezes Ele declara o perdão dos pecados depois de curar.

Aqui e ali aparecem milagres envolvendo a natureza ou mesmo os elementos subatômicos.

Não há regras. Mas há sentido em tudo. Há verdade. Há propriedade absoluta. É assim que é. Esse é o modo de Jesus.

Depois de Jesus ter sido elevado acima de todas as coisas, Seus discípulos continuaram crendo e praticando do mesmo modo.

O livro de Atos dos Apóstolos está cheio dessa realidade. Entre eles o Evangelho não era feito nem de textos, nem de estudos, nem de palestras, nem de discussões, nem de reflexões.

Não! Essas coisa, quando vinham, vinham depois... Pois, antes de tudo, eles criam que o Evangelho era poder de Deus. Criam que era pura dinamite eterna. Para eles era uma bomba de poder. Poder que se derramava para curar pela imposição das mãos, pela Palavra de autoridade em fé; e poder para vencer as forças deste mundo, dentro e fora deles.

Entretanto, algumas décadas depois, com a morte dos apóstolos, a igreja do Reino de Deus, do poder, dos milagres, da ousadia, da intrepidez, da moderação, do amor, da bondade e da misericórdia — foi se tornando uma sinagoga de discussões de pensamentos, de disputas acerca da verdade, de muitas filosofações acerca de Deus, da Encarnação, da Natureza de Jesus, do céu, do inferno, do julgamento, etc.

E, nessa mesma medida, a Igreja do Reino, a Igreja do Caminho, a Igreja dos Chamados Para Fora, foi se afastando da vereda de Jesus, foi esquecendo o Caminho; e foi assentando-se para falar de Deus ao invés de levantar-se para viver Deus, conforme Jesus ensinara.

Ora, a Sinagoga se impôs sobre o Caminho!

Alias, a Sinagoga surgiu a fim de substituir o lugar do Templo de Jerusalém na alma dos judeus durante o Exílio em Babilônia.

Do mesmo modo a igreja tornou-se uma Sinagoga quando desistiu da leveza do Caminho e da simplicidade de apenas crer e praticar conforme Jesus.

A igreja como Sinagoga fixa é a desconstrução da Igreja do Caminho!

As pessoas me perguntam onde quero chegar. Ora, de fato, meu único desejo é ver o povo do Caminho, os chamados para fora, a Igreja — tornar-se apenas e tão somente esse povo simples do passado, que amava sem clichê, que errava enquanto andava e se ajeitava durante o trajeto, que não tinha nem prata nem ouro, mas tinha poder e fé; e que não buscava inventar nada, mas tão somente crer que agir como Jesus era a única missão deles, pois, Jesus os havia enviado assim como o Pai O enviara.

Tem sido sempre assim: quem perde o essencial, cria uma sinagoga.

Esta é a tragédia. Aqui surgem os muitos mestres, as muitas falas, os muitos assuntos, os muitos problemas... Mas é aqui que desaparecem os sinais, os prodígios e as maravilhas.

Sim! Aqui surge a Sinagoga.

Filhos da Sinagoga! Voltem ao Caminho, ao ensino simples, enquanto se vai... Voltem à pregação que surge como encontro. Voltem ao amor que estende a mão, que a pousa quente e meiga sobre as cabeças dos aflitos, pelos quais se ora com a certeza de que o Deus de toda Graça sempre visita aos que o buscam em fé.

Mas para que isso aconteça, cada discípulo de hoje precisa se sentir tão apaixonado por Jesus e pelo Evangelho como apaixonados estavam aqueles que viram Jesus ressuscitar dos mortos; ou como aqueles que com Ele se encontraram depois que subiu aos céus, como Paulo, que O encontrou na estrada de Damasco.

Sim! Sem esse amor apaixonado não há nem fé, nem amor e nem poder em nada que façamos. E, assim, não haverá curas, nem milagres e nem maravilhas de Deus.

Como ensinou Lutero:

O normal é se viver hoje como se Jesus tivesse morrido ontem, ressuscitado hoje e fosse voltar amanhã!

Sem que alguém sinta o Evangelho desse modo, jamais conhecerá o poder de Deus dando testemunho da Palavra pregada.

O que passar disso é engano, marketing, propaganda, performance, e carismas e dons “paraguaios”.

Sim! O que passa disso começa a se tornar Sinagoga e acaba por se tornar Sinagoga de Satanás!

Pense nisto!


Caio

08/06/07
Lago Norte
Brasília

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Não quero mais ser evangélico!

Aqui vai um texto publicado em 2003 e que reflete um dos sentimentos que tem rondado nossas igrejas. Não é somente ele que dá esse grito hoje; mas muitos, como eu, estão sinceramente cansados de tudo o que significa hoje "Igreja Evangélica". Aliás, sou mais profundo ainda: estou cansado do Cristianismo. Confesso isso sem medo. Mas antes que os apologistas me condenem, leiam o texto e tire suas próprias conclusões.

Por Ariovaldo Ramos

"Irmãos, uni-vos! Pastores evangélicos criam sindicato e cobram direitos trabalhistas das Igrejas". Esse, o título da matéria, chocante, publicada pela revista Veja de 9 de junho de 1999 anunciando formação do "Sindicato dos Pastores Evangélicos no Brasil". Foi a gota d'água!

Ao ler a matéria acima finalmente me dei conta de que o termo "evangélico" perdeu, por completo, seu conteúdo original. Ser evangélico, pelo menos no Brasil, não significa mais ser praticante e pregador do Evangelho (Boas Novas) de Jesus Cristo, mas, a condição de membro de um segmento do Cristianismo, com cada vez menor relacionamento histórico com a Reforma Protestante - o segmento mais complicado, controverso, dividido e contraditório do Cristianismo. O significado de ser pastor evangélico, então, é melhor nem falar, para não incorrer no risco de ser grosseiro.

Não quero mais ser evangélico! Quero voltar para Jesus Cristo, para a boa notícia que Ele é e ensinou. Voltemos a ser adoradores do Pai porque, segundo Jesus, são estes os que o Pai procura e, não, por mão de obra especializada ou por "profissionais da fé". Voltemos à consciência de que o Caminho, a Verdade e a Vida é uma Pessoa e não um corpo de doutrinas e/ou tradições, nascidas da tentativa de dissecarmos Deus; de que, estar no caminho, conhecer a verdade e desfrutar a vida é relacionar-se intensamente com essa Pessoa: Jesus de Nazaré, o Cristo, o Filho do Deus vivo.

Quero os dogmas que nascem desse encontro: uma leitura bíblica que nos faça ver Jesus Cristo e não uma leitura bibliólatra. Não quero a espiritualidade que se sustenta em prodígios, no mínimo discutíveis, e sim, a que se manifesta no caráter. Chega dessa "diabose"! Voltemos à graça, à centralidade da cruz, onde tudo foi consumado. Voltemos à consciência de que fomos achados por Ele, que começou em cada filho Seu algo que vai completar: voltemos às orações e jejuns, não como fruto de obrigação ou moeda de troca, mas, como namoro apaixonado com o Ser amado da alma resgatada.

Voltemos ao amor, à convicção de que ser cristão é amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos: voltemos aos irmãos, não como membros de um sindicato, de um clube, ou de uma sociedade anônima, mas, como membros do corpo de Cristo. Quero relacionar-me com eles como as crianças relacionam-se com os que as alimentam - em profundo amor e senso de dependência: quero voltar a ser guardião de meu irmão e não seu juiz. Voltemos ao amor que agasalha no frio, assiste na dor, dessedenta na sede, alimenta na fome, que reparte, que não usa o pronome "meu", mas, o pronome "nosso".

Para que os títulos: "pastor", "reverendo", "bispo", "apóstolo", o que eles significam, se todos são sacerdotes? Quero voltar a ser leigo! Para que o clericalismo? Voltemos, ao sermos servos uns dos outros aos dons do corpo que correm soltos e dão o tom litúrgico da reunião dos santos; ao, "onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu lá estarei" de Mateus 18.20.

Que o culto seja do povo e não dos dirigentes - chega de show! Voltemos aos presbíteros e diáconos, não como títulos, mas, como função: os que, sob unção da igreja local, cuidam da ministração da Palavra, da vida de oração da comunidade e para que ninguém tenha necessidade, seja material, espiritual ou social.

Chega de ministérios megalômanos onde o povo de Deus é mão de obra ou massa de manobra! Para que os templos, o institucionalismo, o denominacionalismo? Voltemos às catacumbas, à igreja local. Por que o pulpitocentrismo? Voltemos ao "instruí-vos uns aos outros" (Cl 3. 16).

Por que a pressão pelo crescimento? Jesus Cristo não nos ordenou a sermos uma Igreja que cresce, mas, uma Igreja que aparece: "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. "(Mt 5.16). Vamos anunciar com nossa vida, serviço e palavras "todo o Evangelho ao homem... a todos os homens". Deixemos o crescimento para o Espírito Santo que "acrescenta dia a dia os que haverão de ser salvos", sem adulterar a mensagem.