segunda-feira, 19 de março de 2007

ESPIRITUALIDADE DESENCARNADA


Um pensamento de Paulo Brabo:


"Essa nossa infantil negação da carne nos torna, entre outras coisas, companhia insuportável para todos ao nosso redor, e ainda para nós mesmos. Vivemos como se a espiritualidade (como se a verdadeira vida!) fosse terreno exclusivo do incorpóreo e do intelectual – da oração, da devocional, da meditação, do discurso, da leitura. Fora raras exceções determinadas por um emocionalismo arbitrário, não conseguimos ver nenhuma espiritualidade num abraço, numa caminhada pela praia, num jogo de cartas, numa escalada, num café, numa churrascada, numa flor, num pedaço de pão, na mão de um amigo, numa dor de dente, nas pessoas que estão com você na casa de praia... Somos constantemente ensinados sobre a importância de morrer e ressuscitar como Jesus, mas – ai de nós – não há quem nos ensine a encarnar."


Nossa herança cristã, infelizmente, não seria tanto a herança de Jesus, que vivia uma espiritualidade que não negava o corpo, os sentidos, a carne. Nossa espiritualidade hoje se parece mais com a dos opositores da mensagem cristã, que negavam o corpo como fonte de bênçãos e de vida. Toda nossa espiritualidade é realmente fantasmagórica, pessoas que apenas olham para o céu, só pensam no céu.

Isso me faz lembrar a fala dos anjos em Atos 1:11 que perguntam para os que viram a ascensão de Cristo o porque deles permanecerem com os olhos nos céus? Não há necessidade! Vivam suas vidas na terra! A promessa da volta de Jesus, da redenção do corpo e da vida eterna é tão certa quanto as promessas de Deus, então, viva a espiritualidade na terra, no corpo, na vivência, na relação, nas limitações e na Graça.

Pelo menos entendo isso nas entrelinhas dessa pergunta angelical. Mas muitos de nós não entendemos, e ai, não precisa nem citar os males da espiritualidade que só olha pra cima, apenas sabemos que está fadada a tropeçar no chão dessa desprezada existência.

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