segunda-feira, 29 de outubro de 2007

26 anos


Hoje completo 26 anos de idade, e com mais uma folha do calendário da vida voando por minha cabeça, é inevitável em meu coração mortal a inundação de sentimentos como dúvida, ansiedade e até mesmo certa frustração. Na minha idade já existe milionários andando por aí; os que estudaram já estão formados, trabalhando e tendo uma vida de certa forma estável.

Chego a essa idade me perguntando o que construí? Nesse mundo onde ser precoce é uma exigência, eu já sofro precocemente as crises existenciais que atacavam a meia-idade (hoje crise existencial não tem idade). É duro ver as conseqüências da imaturidade; mais duro ainda é se perceber imaturo em tantos outros pontos. Antes acreditava que a idade me credenciava para ser um homem adulto, hoje entrar na vida adulta é uma aventura a qual não tenho sido tão bem-sucedido.

Dentro desse ambiente tão ambíguo, onde às vezes nem você mesmo se entende, assisti um filme que falou comigo (penso que Deus tem escolhido o cinema em muitos momentos para falar verdades que ardem no nosso coração). A película chamada “À Procura da Felicidade” é um daqueles filmes que é indispensável para os peregrinos da vida que precisam “saber viver”.

Tentarei ser breve. O filme é baseado na auto-biografia de Chris Gardner, um homem que subiu do limite da pobreza para ser um dos multimilionários americanos mais famosos. Gardner é uma lenda em Wall Street, mas antes viveu uma vida dura capaz de enlouquecer qualquer americano doutrinado a buscar incansavelmente a riqueza.

Gardner era casado e pai de um garoto de 5 anos. Ele viveu uma crise financeira terrível, pois não tinha emprego fixo e com isso estava endividado de todas as maneiras possíveis. Sua esposa, não suportando o “baque” da crise resolve separar-se do marido, deixando-o sozinho com a responsabilidade de cuidar do filho.

Gardner estava com uma terrível missão a sua frente: conciliar o cuidado com o filho, o trabalho e um estágio que estava fazendo para uma corretora financeira. Tal estágio durava seis meses e não era remunerado; e dos vinte estagiários, somente um era contratado no fim.

A crise se abate de forma terrível sobre Gardner. Ele perde a casa, o carro, chega a dormir com o filho no banheiro do metrô e em abrigos cedidos pela igreja aos sem-tetos, sofre humilhações das mais diversas, mas é impressionante a sua perseverança em todas as adversidades. Confesso que por bem menos talvez eu tivesse desistido de tudo, ou mesmo negociado meus valores. Mas ele se manteve integro e esperançoso em todo momento, acreditando que estava no caminho certo da felicidade.

Gardner vence o estagio quando já não tinha mais nenhuma fonte de renda para sobreviver, torna-se um grande corretor, fundando sua própria empresa que figura hoje entre as maiores dos Estados Unidos, ou seja, um cara que alcançou “o sonho americano”.

Achava que o filme era apenas uma propaganda norte-americana do conceito burguês de felicidade, e até certo ponto a mensagem é essa. Mas tem algo além da determinação de Gardner que extrapola o dinheiro. Havia uma razão, um propósito que estava além do desejo de ser rico. O próprio Gardner, nos comentários do DVD, afirma que esse propósito era o compromisso com o filho. O filho era o seu alvo na vida, tudo que ele sofreu foi por querer algo melhor para seu filho.

Sendo assim, o filme fala que os propósitos precisam ser firmes e valer a pena. O filme também fala de saber ser apoiado e valorizar os que nos apóiam. Durante as filmagens, Gardner exigiu que fossem colocadas cenas com o próprio Pr. Cecil Willians, que era o responsável pelo abrigo de sem-tetos que ele seu filho se abrigaram durante o período de estágio. Gardner cita que sem Willians, não haveria o famoso Chris Gardner, ele era indispensável para sua história.

Sem mais delongas, peço a Deus nesses 26 anos de vida para que me conceda um pouco da perseverança de Gardner, me ajude a discernir os motivos certos para o qual devo lutar e coloque no meu caminho pessoas que seja indispensáveis para minha história, aqueles me tornarão melhor em todos os sentidos.

É com esse desejo que apago as velinhas.

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