sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Martelo Inquisitor


Vi esse texto no site do Pr. Ricardo Gondim e achei maravilhasa a síntese que ele faz sobre o ataque da nova inquisição fundamentalista sob aqueles que simplesmente ousam pensar (até porque a fé fundamentalista não pensa, mas somente crê). Reflita um pouco:



Para facilitar os neo-Torquemadas, tentarei reescrever o mapa usado pela Inquisição para identificar, processar e queimar quem ousava pensar fora da cartilha da Santa Igreja.


1. Alfinete com precisão os pontos em que a “nova doutrina” se distancia do que foi sempre aceito como verdade.


2. Procure mostrar a perniciosidade da “nova doutrina” e como ela põe em risco a estabilidade e o futuro da fé.


3. Dê um nome à “nova doutrina”; para derrubá-la você precisa colocá-la dentro de contornos bem claros. Ela precisa de um rótulo.


4. Desqualifique as pessoas que defendem a “nova doutrina”; prove por "a+b" que só um desvairado, um inconseqüente, teria coragem de dizer aquele tipo de coisa e que os lúcidos estão na trincheira oposta.


5. Espiritualize sua cruzada contra a “nova doutrina”; diga que ela nasceu no inferno e você, como um augusto defensor da verdade, não pode permanecer calado.


6. Mostre que os argumentos da “nova doutrina” estão calcados em pessoas estranhas à verdadeira fé; mostre que católicos, judeus, ateus e, principalmente, poetas pecadores são citados para referendar a apostasia.


7. Torne o debate emotivo; antes de tratar suas possíveis discordâncias, faça afirmações bem comoventes; por exemplo: “eu não quero ir para o mesmo céu que ele” ou, “se for assim, esse Deus não me serve”.


8. Tire frases do contexto, construa raciocínios distorcidos, sofisme, contanto que o herege seja enfraquecido.


9. Cite obras sem jamais tê-las realmente lido, mencione a crítica feita aos autores e procure fazer com que as pessoas afirmem: “não li, não gostei”.


10. Reduza os conceitos do herege a um clichê ou a deduções bobinhas; assim os simplórios vão concordar com você. Enquanto os Inquisidores trabalharm, eu vou continuar a gargalhar e a celebrar a vida; amando meu próximo e procurando concretizar os sinais do Reino de Deus, que já chegou.


Ricardo Gondim

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