segunda-feira, 24 de setembro de 2007

E já se passaram sete anos... Reflexões


Hoje faz 7 anos que me converti. Lembro daquela noite de domingo, onde o pregador explanando sobre Marcos 3:31 nos falava sobre a verdadeira família de Jesus. Datas assim nos levam a viajar no tempo, propiciando uma reflexão que nos faça ver a nós mesmos na caminhada da vida.


Algumas coisas percebi que foram inevitáveis na minha caminhada, outras eu poderia ter evitado, mas essa soma é o que torna a caminhada minha e de mais ninguém. Algumas coisas ficaram mais nítidas em minha compreensão:


Ficou mais nítida a extensão e a intensidade do pecado em mim. Não fora a exegese nem a hermenêutica que me explicaram o versículo de Romanos 7:7 que diz que o pecado se revela pela Lei. Essa é a sensação que fiquei ao conhecer a vontade de Deus, pois dela só me veio uma única certeza: a minha completa incapacidade de viver segundo seus parâmetros. Quanto mais examino a Lei, a Vontade de Deus; menor me enxergo na Sua presença. Porém, essa sensação se intensificou em mim durante os primeiros anos de forma que me odiava e até mesmo pedia a minha morte (quem não orou a Deus pedindo para morrer!?), não conseguia suportar a idéia de viver frustrado pela percepção de que o pecado ainda atuava (e atua) em meu ser de forma mais intensa do que antes. Isso foi difícil pra mim: aceitar que ao conhecer a Verdade eu não me tornei menos pecador. A realidade é que o pecado tinha saltado aos meus olhos de tal forma que ainda hoje é difícil separar o que realmente é pecado do que a “igreja” rotula como “pecado”. Esse tem sido meu desafio hoje, ter minha mente renovada quanto a conceitos viciosos que adquirimos na sub-cultura evangélica.


A decepção com a instituição também foi inevitável pra mim. Eu afirmava antigamente para um desviado que não era certo ele sair da igreja por causa dos homens, pois Jesus não nos decepciona. Hoje eu não afirmo isso com tanta certeza. Alguns ambientes evangélicos são perigosíssimos para quem deseja manter o mínimo de sanidade, sensibilidade e humanidade; pois na verdade são fábricas de monstros. No geral tenho notado que até mesmo as comunidades que procuram viver de forma mais séria o evangelho estão contaminadas por uma “mesmice” que nos torna insensíveis. Estamos fechados em nós mesmo, na velha repetição dos hábitos institucionais, nas grandes ou pequenas “disputas de poder” (e isso ocorre infelizmente em todos os níveis da instituição, mesmo que de forma inconsciente), na liturgia vazia e esvaziadora do ser humano. Ainda me sobram dúvidas sobre o que era a vida plena que Jesus falava e que não sentimos na congregação. Estamos tomados por uma completa falta de sentido (ou do verdadeiro sentido) do que é caminhar em comunidade. Sete anos depois meu desafio é lutar para conseguir trilhar, juntamente com aqueles que ainda são sensíveis as nossas tristes condições; o verdadeiro Caminho de Emaús, lugar da manifestação de Cristo em mim e nos meus companheiros de caminhada.


Aprendi que não somos obrigados a nos conformar com o erro porque começamos errado. A capacidade do Espírito Santo em recriar vida dentro de nós é algo que me fascina. Comecei minha caminhada de forma errada em muitos pontos, fiz coisas erradas, aprendi coisas erradas; porém, o Espírito não nos abandona em erros, Ele constrói em nós, mesmo que em algumas vezes de forma imperceptível, momentos de verdade, lucidez e certeza. Quando se percebe na caminhada os momentos quem que “provamos” o vento do Espírito renovando tudo, mesmo que no silêncio da brisa que alcança as nossas “Cavernas de Elias”, sentimos que tais momentos foram pontuais para que não perdêssemos o foco da nossa fé. Somos ensinados assim que a fé deve estar em uma pessoa, Jesus, que sopra em minhas narinas novo fôlego e nos conduz assim a percebe que Ele está além das frustrações, decepções e neuroses que adquirimos em nossas trilhas tortas.


Existem mais coisas a serem ditas numa próxima oportunidade, porém acho que em mim isso que já tenho dito é importante. Não vivo mais me lamentando pelo que não sou, porém preciso aprender a viver pela Graça com minhas inadequações e com as inadequações do meu próximo. Saber vive mediante as falhas humanas não significa aceitar estar inserido de braços cruzados numa instituição que perdeu sua relevância no mundo e que tem produzido pessoas doentes; pois inquietação e denuncia são as bases do sentimento profético que surge na minha relação com Deus. Sendo assim, os próximos anos me obrigam a uma única coisa: conhecer somente a Jesus Cristo, da forma que ele é, fora de qualquer caixa delimitadora.

Obrigado por esses sete anos Senhor!

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