Estrelado em 2004 pelo diretor M. Night Shyamalan (Sexto Sentido e Sinais) o filme A Vila mistura suspense e poesia numa denúncia forte a toda forma de limitação.
Em resumo, o filme trata da história de nove pessoas que resolveram se afugentar do mundo urbano devido à violência dor, sofrimento e toda a falta de esperança que os grandes centros nos trazem. Juntos eles fundam um vilarejo no qual criam suas famílias isoladas de qualquer contato com o mundo externo.
Para manter o isolamento, esse grupo, chamado pelos habitantes da vila de “Os Anciões”, cria uma lenda sobre monstros que habitam a floresta que cerca o vilarejo. Todos os que entrarem na floresta serão mortos pelos seres chamados “Aqueles de quem não mencionamos”.
Porém algo acontece no vilarejo que ameaça a manutenção da vila. Um jovem chamado Lucius Hunt, um corajoso rapaz que desejava passar pela floresta e ir as cidades em busca de remédios para seu povo, é atacado por outro rapaz com problemas mentais chamado Noah Percy, motivado por ciúmes de seu casamento com Ivy Walker.
A grande questão agora para o pai de Ivy, o Líder dos Anciões, estava entre salvar a vida de Lucius, permitindo que sua filha, deficiente visual, fosse até a cidade buscar remédios, ou manter a mentira sobre a vila, sacrificando assim a vida de Lucius.
Mas o Sr. Walker não resiste ao amor da filha por Lucius e permite que a mesma vá à cidade e busque remédios. Antes ele conta toda a farsa sobre a história dos monstros, mas não adianta, por que Ivy ainda continua acreditando na existência de monstros. Durante sua caminhada, Noah encontra uma das roupas de monstro, e vestido nela, ele ataca Ivy na floresta, mas ela consegue matá-lo, achando assim que matou um dos temíveis monstros.
Ivy retorna da fronteira da floresta após encontrar um guarda que lhe fornece os remédios. Na verdade, os guardas da floresta são empregados das empresas Walker, e a floresta toda é propriedade do pai de Ivy, mas ela não sabe porque não pode ver. Ela retorna ao vilarejo e assim a vida na vila continuará a mesma.
Em resumo, o filme trata da história de nove pessoas que resolveram se afugentar do mundo urbano devido à violência dor, sofrimento e toda a falta de esperança que os grandes centros nos trazem. Juntos eles fundam um vilarejo no qual criam suas famílias isoladas de qualquer contato com o mundo externo.
Para manter o isolamento, esse grupo, chamado pelos habitantes da vila de “Os Anciões”, cria uma lenda sobre monstros que habitam a floresta que cerca o vilarejo. Todos os que entrarem na floresta serão mortos pelos seres chamados “Aqueles de quem não mencionamos”.
Porém algo acontece no vilarejo que ameaça a manutenção da vila. Um jovem chamado Lucius Hunt, um corajoso rapaz que desejava passar pela floresta e ir as cidades em busca de remédios para seu povo, é atacado por outro rapaz com problemas mentais chamado Noah Percy, motivado por ciúmes de seu casamento com Ivy Walker.
A grande questão agora para o pai de Ivy, o Líder dos Anciões, estava entre salvar a vida de Lucius, permitindo que sua filha, deficiente visual, fosse até a cidade buscar remédios, ou manter a mentira sobre a vila, sacrificando assim a vida de Lucius.
Mas o Sr. Walker não resiste ao amor da filha por Lucius e permite que a mesma vá à cidade e busque remédios. Antes ele conta toda a farsa sobre a história dos monstros, mas não adianta, por que Ivy ainda continua acreditando na existência de monstros. Durante sua caminhada, Noah encontra uma das roupas de monstro, e vestido nela, ele ataca Ivy na floresta, mas ela consegue matá-lo, achando assim que matou um dos temíveis monstros.
Ivy retorna da fronteira da floresta após encontrar um guarda que lhe fornece os remédios. Na verdade, os guardas da floresta são empregados das empresas Walker, e a floresta toda é propriedade do pai de Ivy, mas ela não sabe porque não pode ver. Ela retorna ao vilarejo e assim a vida na vila continuará a mesma.
O que a vila nos ensina?
Algumas coisas que são expostas no filme são de grande importância, principalmente para entendermos como podemos criar nossas gaiolas com as melhores intenções e ainda sim não alcançarmos nossos objetivos.
A Vila é uma tentativa de fuga do mundo. Lá o tempo parou. As pessoas se vestem como se vivessem no século XIX; não há luz elétrica, dinheiro, carros, ricos ou pobres. Lá tudo que é produzido é consumido entre eles. O que as crianças aprendem é apenas o necessário para manter a vila. As refeições são comunitárias. Todo o objetivo da Vila é manter as crianças inocentes, torná-las adultos bons, sem vícios, egoísmo, distanciados do mal. O Sr. Walker define a Vila como um lugar de esperança, onde se pode proteger a inocência.
Mas a que custo? Na vila as pessoas morrem de doenças que, com devido tratamento médico, poderiam ser curadas. Porém, as vidas são sacrificadas em nome do compromisso de manter a Vila incontaminada do mundo externo. O lugar de esperança é também o lugar da morte, do sacrifício tolo. A vida não estava acima da Vila.
Com isso percebemos que todo o atalho que tomamos para fugir dos males da vida são fundamentados em mentiras, e com o tempo, pela manutenção da mentira, sacrificamos a vida. Assim, caí-se em um terrível paradoxo: fugimos do mundo para mantermo-nos vivos, e para continuarmos puros até mesmo matamos em nome da mentira.
Um dos anciões afirma no filme que a tristeza fareja o homem onde ele estiver, por mais que ele fuja dela, ela sempre o encontra. A dor e o sofrimento não estão confinados um determinado lugar ou tempo, mas são condições da vida humana das quais não há como fugir. Não há fuga para morte; a violência encontrou espaço até mesmo dentro da Vila. Sentimentos ruins como ciúme e adultério também existiram dentro desse pseudo-paraíso. O que torna a Vila algo pior que o mundo é justamente o auto-engano quanto à própria condição humana.
Para os que fazem da sua vida uma Vila, todo o resto é ruim, e somente os seus são bons. A forma generalizada com a qual os habitantes da vila chamam os monstros da floresta revela a sua incapacidade de discernimento. Quanto mais isolados, mais incapazes ficamos. Todos acabam se tornando aos nossos olhos “Aqueles de quem não mencionamos", os monstros que precisamos para justificar nossa Vila. Quem não faz parte da nossa Vila não é digno de ser mencionado, não possui nome, identidade ou mesmo individuação.
Infelizmente, tal tratamento apenas reflete o que nos tornamos. Na verdade eram os habitantes da Vila que haviam perdido suas identidades, suas características, seus sentimentos e opiniões. Eram tão iguais que ficava difícil distinguir quem era quem. Uma única lei uniformizava a todos de tal forma que a neurose por perfeição gerava jovens que, dentre outras coisas, tinham medo de amassar a camisa com um abraço ou um toque. Do isolantento seguia-se para uniformidade, que resultava assim na infantilidade.
Os que vivem como se fossem uma Vila geralmente são infantilizados, imaturos quanto aos seus sentimentos, desejos e aspirações. São sempre dependentes de uma casta de “anciões” que ditam o que eles devem fazer; pensar e gostar. No mundo da Vila, infantilidade é confundida com inocência, porém, no mundo da criança podem habitar sentimentos tão ruins quanto aqueles que existem fora das nossas vilas, mesmo que seja por motivações diferentes. A floresta que rodeava a vila era seca, sem vida, sem beleza, numa representação autentica da condição interior do habitantes desse vilarejo.
Nesse caso, o Noah é o ponto principal das terríveis conseqüências da Vila sobre seus habitantes. Até que ponto os problemas mentais dele não se agravaram pela infantilidade perpetuada no vilarejo? Noah é um homem com uma mentalidade de uma criança de 5 anos. Não distingue certo e errado, não aceita regras e é extremamente desobediente, pois com freqüência ele adentrava a floresta sem medo das criaturas.
Simultaneamente, Noah era o produto e o ponto de desequilíbrio da Vila, ele é nossa pior ameaça e ao mesmo tempo o fruto de nossas Vilas interiores. Precisamos matar os “Noahs” que habitam em nós para que nossa farsa e fuga continuem de pé. Ao morrer, ele dá a desculpa necessária para que os “anciões” mantenham a mentira sobre os monstros. Porém, com o Noah tambem morre aquilo que nos faz mais humanos e todas as lembranças de que nossa Vila não é tão perfeita assim.
A Vila e “Aqueles de quem não mencionamos” são resultados dos traumas e do terrível engano da fuga como única forma de perpetuar a esperança e a vontade de viver. Como vencer os momentos ruins, de total falta de fé e desengano, sem com isso construirmos uma Vila e demonizarmos todos os que estão ao nosso redor?
A resposta quem nos ensina é o casal Lucius e Ivy. Certo momento ela pergunta por que Lucius é tão corajoso a ponto de querer enfrentar a floresta. Ele então responde:
“Não me preocupo com o que vai acontecer; só com o que tem que ser feito!"
Ele a ama de tal forma que seu único medo é perdê-la, e para evitar isso, ele deseja que na Vila haja remédios o bastante para que sua vida seja preservada. O amor lança fora todo o medo de Lucius (1 Jo 4:18), assim como também o medo de Ivy, pois apesar de seu pai tê-la revelado que os monstros eram uma farsa, ela ainda assim continua acreditando na existência deles, e o ataque de Noah disfarçado de monstro somente reforça a mentira que tornou-se verdade no coração e mente de Ivy.
O mais importante não é revelar a farsa dos monstros e dos traumas que nos limitam, mas sim vencê-los pela força do amor. É somente o amor que nos faz enxergar aquilo que não percebemos, assim como Ivy que, ao falar com o guarda da floresta, disse:
“Sinto bondade em sua voz, não esperava por isso!”
A Vila, muitas vezes, pode ser maior que a vida, mas nunca deve ser maior que o amor!
Pensemos nisso.
Jorge Luiz