sábado, 18 de agosto de 2007

Discurso de Formatura

Abaixo segue o discurso que fiz como orador da turma 2007.1 do ICEC, ontem, dia 17/08/2007. Agradeço a todos os amigos que mesmo não comparecendo sempre torceram por mim nessa caminhada. Mas a trilha não terminou, ainda tem mais, por isso conto com todos vocês.


Não quero tornar este momento nostálgico; relatando daquilo que vivemos durante os quatro anos em que estudamos. Pois as lembranças são particulares, e só possuem o poder de tocar os que as viveram. Elas sempre estarão conosco e serão assunto de nossos próximos encontros. Falar de lembranças é ser injustos com a grandeza de cada acontecimento vivido.

Não é de lembranças que quero falar com vocês. Estou aqui para falar de marcas que foram impressas em nossas almas durante todo esse tempo. Marcas não podem ser apenas lembranças, não podem ser apenas saudade, discurso ou assunto de um bate-papo ocasional. Marcas são heranças que levamos deste tempo; herança essa que não se limita aos ensinos, mas que compreende tudo o que aprendemos fora dos livros e compêndios teológicos. São essas marcas que adquirimos nesses quatro anos que definem parte do nosso procedimento na vida e no serviço cristão que nos é confiado pelo Senhor de todos os dons e talentos.
Marcas profundas nortearão o nosso caminho, e delas não podemos esquecer e muito menos não vivê-las.
Primeiramente cito a marca da tolerância. Não há simplesmente especialistas em doutrina dos que se formam comigo hoje, porém saímos daqui pessoas que aprenderam a tolerar e respeitar o livre pensar teológico. Descobrimos que o teólogo é antes de tudo alguém emancipado e liberto para contemplar a beleza que existe em cada pensamento elevado ao Criador. Ser marcado pela tolerância é ser livre de qualquer gaiola mental ou estreitamento de consciência. Porém, tolerância não significa aceitação de qualquer conjectura que se proponha a difamar ou diluir a genuína mensagem do evangelho. Portanto a tolerância que nos acompanha caminhará sempre unida ao discernimento, e que este seja antes de tudo espiritual.
Não há como deixar de sentir a marca da perplexidade. Descobrimos que se não estivermos presos na milenar armadilha de construirmos uma “Babel teológica”, nos restará apenas à perplexidade diante da grandeza de Deus. Saímos daqui teólogos perplexos e maravilhados não por sermos detentores de todo o conhecimento divino, mas porque desistimos, durante esses quatro anos, de tentar enjaular Deus em nossa lógica sistêmica, já que tal tentativa é sempre fadada ao fracasso e a um reducionismo da divindade. Saímos daqui não com Deus em nossas mãos, mas sim completamente rendidos, maravilhados e inundados pela grandiosa presença do Senhor.
Uma última marca que fica é a diaconal. Quantos de nós terminamos este seminário com perguntas sobre o que iremos fazer daqui pra frente com tudo que ouvimos e aprendemos. Mas por trás de todas as nossas perguntas só há uma resposta: servir. Nisso, o verdadeiro teólogo não se torna um “doutor em divindade”, mas sim um mestre em almas, um serviçal do Reino, alguém que conhece o homem e a Revelação de Deus em sua Palavra, exercitando assim seu discernimento espiritual para aplicar a Palavra à vida. O maior trabalho teológico hoje é servimos na construção de pontes que liguem a revelação de Deus ao nosso cotidiano, contribuindo assim para o maior projeto de Deus: o resgate de nossa humanidade. Fugirmos de tal responsabilidade será o mesmo que renunciar a vocação teológica para qual Deus nos tem chamado nesses dias tão difíceis.
Acredito que essas marcas imprimidas em nós contribuirão para que esses quatro anos de seminário não venham formar em nós uma teologia obsoleta e irrelevante para nosso contexto, porém seja sim um instrumento vivo e eficaz.
Portanto, somos gratos ao ICEC, ao diretor Paulo Mauricio e a todo corpo de professores e funcionários, os quais foram peças fundamentais para que essas marcas fossem forjadas em nossas vidas. Não só eles, mas cada igreja representada pelos formandos e aos familiares e amigos aqui presentes, que de alguma contribuíram para que cada um de nós estivesse hoje vivendo esse momento.
E por último, não podemos deixar de agradecer a Deus, que em tudo fora nosso guia, fortaleza, consolo, exortação e motivo maior de todo nosso esforço em concluirmos essa etapa de nossa vida.
Que Deus abençoe a todos, em nome de Jesus.

Um comentário:

Italo Colares disse...

Que pena amigo que nao estava lá com vocês!
Mas quem sabe um dia eu chego lá!
Já disse que quando crescer quero ser igual a ti!