Mensagem pregada dia 22/06/2008 lá na Betesda de Messejana, para quem quiser conferir:
Para Lucas, a comunidade dos sonhos era aquela onde a pobreza fosse extirpada a todo custo. Ele possui uma forte crítica, tanto no seu evangelho, como também no livro de Atos, a toda e qualquer concentração de riqueza, pois ela sempre acarreta no empobrecimento e na exploração dos desprovidos de seu próprio sustento.
Deus é “deus dos pobres” em Lucas, e é justamente dos pobres (esqueça os pobres de espírito, pois isso está apenas em Mateus) a pertença do Reino de Deus. Sendo assim, a comunidade cristã precisa ser necessariamente o local onde o cuidado de Deus com relação ao sustento deve ser mais sentido.
Por isso a realidade da venda de propriedades e a divisão do dinheiro entre todos foi algo que surgiu logo no inicio da Igreja Primitiva, e dentre as razões, estava à questão da volta de Jesus e o seu polêmico ensinamento ao jovem rico.
Porém, a euforia da venda de propriedades trazia em si mesmo problemas maiores do que a questão dos necessitados. E para Lucas esses problemas deviam ser logo combatidos antes que se tornasse um câncer que causasse a morte do corpo de Cristo.
Esses problemas são o foco central da terrível narrativa sobre Ananias e Safira, narrativa essa que causa certo “nó” na garganta de quem a lê. Vejamos qual a intenção de Lucas nesse texto:
1. A comunidade primitiva estava crescendo na unidade, e a unidade nasce quando morre a indiferença com o próximo. O pecado de Ananias e Safira está centrado na total indiferença pela comunidade. Notamos na leitura do texto que a venda não foi motivada por amor aos irmãos que passavam por necessidades. Eles se inseriam no mesmo sentimento de comunhão e unidade, pois em seus corações reinou somente o egoísmo e a indiferença, pecados completamente contrários ao espírito que reinava na igreja primitiva.
2. Ananias e Safira buscavam lucrar para si mesmos uma falsa imagem originaria de uma falsa piedade. Eles são contrastados com Barnabé, o qual Lucas ser reconhecido entre os apóstolos e que gozava de certo prestígio. Porém, Barnabé era movido pela necessidade de consolar os necessitados, por isso seu nome significa filho da Consolação. Mas Ananias e Safira são movidos somente pela necessidade de se alto promoverem perante os apóstolos demonstrando uma falsa devoção. A busca de reconhecimento sem o menor sacrifício, a busca por construir uma imagem perante a igreja que não era a verdadeira, escondendo por detrás todo o amor ao dinheiro.
3. Sendo assim, doando muito ou pouco, seja sempre você mesmo e faça para Deus tudo em verdade. Você não precisa ser igual a todo mundo. Ananias e Safira não precisavam ser iguais a Barnabé para serem amados por Deus e pelos apóstolos, eles não precisavam ser iguais ao restante dos ricos que doavam suas coisas. Eles precisavam ser apenas eles mesmos. Não use da religião para ser falso e esconder seus pecados.
Mas talvez você ainda pense: a morte não foi um castigo muito severo para Ananias e Safira? A morte de Ananias e Safira não foi um castigo, mas serviu para ser um memorial para todas as gerações de cristãos para informar quanto aos perigos da falsa devoção a Deus. Ananias e Safira tiveram a graça de morrer perante a verdade, e assim foram salvos para que a mentira não os corroesse ao ponto de tornarem-se insensíveis.
A pior desgraça não é morrer como Ananias e Safira morreram diante desse pecado, mas é a morte de toda sensibilidade diante da palavra e da exortação de Deus aos nossos corações, clamando para que a abandonemos a mentira e falsa imagem acerca de quem realmente somos. Muitos Ananias e Safiras circulam em nossas igrejas e eles não possuem a graça de morrer nas mãos de Deus, mas estão como mortos-vivos, acreditando que sua devoção baseada em mentiras está chegando ao coração de Deus.
Um comentário:
Deus não permitiu que a mácula do egoismo e do engano contaminasse a igreja do Deus vivo, em uma época de glória ao Seu nome.
Tudo que era contrário a essa glória, tudo que era contrário ao amor ao Senhor pela salvação em Cristo Jesus, por reconhecê-lo como Salvador, era motivo para todos que se convertiam naquela época não levassem em conta seus bens, mas só a vontade de em fazendo parte da comunidade dos santos apenas pregar e dar testemunho de que gozavam de uma vida nova, totalmente fora dos padrões do mundo.
Morreram também, porque Deus em Sua soberania, sabia que os dois jamais se converteriam verdadeiramente.
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