quarta-feira, 28 de maio de 2008

Sou o que sou? - Texto do meu amigo e irmão de fé Italo Colares

Cara, ótimo texto, foi mal mas eu tive vontade de coloca-lo aqui para enriquecer as minhas heresias! rsrsrs


Continue assim, um abraço!


Sou o que sou?


“A Experiência literária é um ritual antropofágico. Antropofagia não é gastronomia. É magia. Come-se o corpo de um morto para se apropriar de suas virtudes. Não é esse o objetivo da eucaristia, ritual antropofágico supremo? Come-se e bebe-se a carne e o sangue de Cristo para se ficar semelhante a ele. Eu mesmo sou o que sou pelos escritores que devorei... E se escrevo, é na esperança de ser devorado pelos meus leitores.” (Alves, Rubem. SE EU PUDESSE VIVER MINHA VIDA NOVAMENTE... – Pág. 17).

Li este livro recentemente e este foi um dos pensamentos que grifei no decorrer da leitura. Como me identifiquei com o que Rubem Alves escreveu, que de certa forma acaba por entregar todos os segredos ocultos que formam aquilo que ele é.

Partindo deste ponto de vista de Rubem Alves, eu ainda proponho correr um pouco mais na frente do que ele. Nós não somos apenas aquilo que lemos. Mas somos aquilo com quem vivemos e com quem nos relacionamos. Ou seja, eu sou o que sou não por apenas pelo que li. Mas sou o que sou devido a pessoas com quem me relacionei; com quem tive paixões ardentes, com quem me entreguei a algum desejo eterno, ou até mesmo com quem tive pouco contato em um curto intervalo de tempo.

Todas as pessoas que passaram por minha vida, tanto as que irão ficar por muito tempo, como aquelas que estão passando apenas por uma temporada, elas formam o que sou, pois suas influências afetam o mais íntimo do meu pensar. Quer um exemplo? Eu te dou um exemplo. Quando começa a chover e eu corro para um abrigo onde posso passar a chuva, não é porque eu não quero me molhar, mais sim porque a minha mãe que está em mim, diz que se eu me molhar irei pegar um resfriado. Outro exemplo? Eu te dou. Quando eu amarro os cadarços toda a vez que eles se desamarram no decorrer do dia, não é porque eu quero ficar elegante, mas na verdade é o meu pai que vive em mim que diz que se eu não amarrar os cadarços ao caminhar irei cair, pois pisarei nos cadarços desamarrados. Ou seja, se faço algo de estranho que dentro de mim eu iria tomar uma medida diferente não é porque eu estou em fase de mudança, mas sim pelas pessoas que estão dentro de mim é que fazem eu não tomar certas atitudes.

Logo toda vez que esbravejo quando sinto alguma injustiça não é porque sou justo, mas a minha irmã que vive dentro de mim faz com que eu tome esta postura. Toda vez que oro quando vou me deitar não é porque sou religioso, mas é porque minha tia Lúcia que vive dentro de mim, faz com que eu ore antes de dormir, pois foi isso que aprendi quando passava as férias em sua casa. Toda vez que leio um livro não é porque eu gosto de ler, mas sim é porque escuto a minha professora da alfabetização (Tia Josidélia) me dizer que leitura faz bem pra alma, mesmo eu não sabendo na época o que era alma. Logo todas as ações que tomamos; todos os sentimentos que temos; todas as nossas reações, não são apenas porque somos assim, mas sim, porque os outros que moram dentro de nós nos impulsionam a sermos assim.

Entendo o que o texto sagrado quer dizer agora: “Eu não vivo mais, mas Cristo vive em mim!” Não é porque o discípulo morreu ou perdeu suas vontades, mas apenas o Cristo que ele conheceu que vive dentro dele faz com que ele tome outras posturas e outras ações.

Então vamos pensar no que estamos colocando dentro das pessoas que estão ao nosso redor. Será que nossas sementes são de paz? De amor? De verdade? Como estamos influenciando aqueles que nos cercam? Será que estamos sendo bem ou mal para as pessoas que adentramos?

Que Deus nos ajude a sermos luzes de paz, que não ofusca, mas que apenas ilumina o caminho daqueles que não têm luz.


Italo Colares

Nenhum comentário: