sábado, 21 de julho de 2007

Recomeço


Comecei minha caminhada cristã admirando os escritores bíblicos e apóstolos. Lia Paulo e era como se estivesse na frente de um “ídolo” (desculpe a franqueza). Fui ensinado a me dedicar na leitura das epístolas e dos evangelhos; e à medida que eu ia me dedicando, ia nascendo uma maior admiração pelos escritores.


Desse ponto em que me encontrava para entrar no mundo dos teólogos, pensadores e comentaristas bíblicos foi apenas um pulo. Tornei-me assíduo consumidor de obras teológicas, das quais na li ainda nem metade (rsrrsrs). Precisava ler Barth, Agostinho, Berkhof e outros nomes da teologia. Alimentava-me das teses, doutrinas sistemáticas, opiniões e até mesmo das heresias, e era como estar sendo alimentado da própria Palavra de Deus.


Mas de uns tempos pra cá a coisa tem mudado um pouco. Na verdade estou cheio. Cheguei ao meu limite. Estou cansado de ser idólatra dos escritores bíblicos e de admirar a “infabilidade” dos mesmos. Cansei de ser de Paulo, de Pedro, de João. Cansei de ler simplesmente seus textos e ter que buscar exegese pra tudo.


Cansei também dos teólogos. Não quero mais ser fascinado pela linguagem difícil, da qual muitas vezes não entendia, mas achava “o máximo” pelo simples fato de ser difícil (rsrsrrs, quanta ignorância). Percebo que o edifício teológico ao longo desses séculos é tão mais alto quanto a Torre de Babel e tão mais incompreensivo quanto à confusão das línguas. Quero ficar em baixo, na terra mesmo, onde Deus desce e se encontra conosco. Tarde demais percebo que Deus quer de mim apenas fé, e não uma compreensão exaustiva e sistemática de sua essência e atributos; que Jesus pede apenas fé, e não uma compreensão exaustiva das suas hipóstases. Quanto mais degraus se sobem na Babel teológica, mais a arrogância do pedido da mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 20:20-21) toma conta de nós: estarmos sentados ao lado do próprio Deus, doutores em divindade.


Estou hoje buscando a Jesus desinteressadamente, e tenho me surpreendido, pois quando leio os evangelhos dessa forma, não é o Mateus, o Marcos, o Lucas e o João que me vem à mente, mas a presença do Nazareno, da sua fala, do seu agir. Às vezes tenho a impressão de que consigo sentir o seu respirar, ver o seu olhar, estar na sua presença. É a figura do Nazareno que eu quero admirar, entender e caminhar.


Tenho estado obcecado por tudo que trate de Jesus. Leio de tudo sobre esse Homem com simplicidade e verdade, sem teologismo, mas com leveza. Depois de muitos anos, vejo que preciso me aproximar mais do carpinteiro, caminhar com ele. Quando se percebe Ele nas escrituras, os escritores bíblicos tornam-se apenas peças que me ajudam a encontrar o mestre.


Quando Jesus é o meu único alvo, as teologias abrem espaço para simples certezas, e não para grandes hipóteses e “achismos”.


Quero apenas esse simples Jesus que anda nessa terra, suja os pés e vive comigo no chão da minha existência. Hoje vejo que apenas esse me basta.

Louvado seja Senhor!

Jorge Luiz

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